Médicos de várias partes do Estado participaram no dia 1º de julho, de forma híbrida, do 23º Fórum das Entidades Médicas de Santa Catarina (FEMESC), realizado no Conselho Regional de Medicina (CRM), em Florianópolis. O evento organizado anualmente pelo Conselho Superior das Entidades Médicas (COSEMESC) não era realizado há dois anos devido à pandemia.

A presidente do SIMESC Regional Blumenau, Lisiane Anzanello, abriu a tarde de conferências no painel Realidade do Médico em SC Hoje. Ela apresentou as inseguranças trabalhistas e a baixa remuneração do mercado. “A maioria dos médicos hoje trabalha em mais de um lugar, sendo que 44% têm vínculos de trabalho em quatro lugares ou mais”, informou ao ressaltar os riscos do esgotamento profissional em busca de uma melhor remuneração.

A médica fiscal do CRM-SC, Vânia Maria Caruso Bícego, apresentou a realidade das condições de trabalho nas unidades de saúde catarinense que incluem estruturas físicas precárias, rotinas inadequadas, carência de profissionais, falta de leitos e equipamentos.

Para o coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Edward José de Araújo, o alto número de médicos formando-se e a má qualidade de ensino em muitas escolas “irão refletir em maus profissionais submetendo-se a subemprego, trabalhando nos rincões sem condições de atendimento, aos desmandos de gestores para garantir renda e arrastando o bom médico”.

“Tudo passa pela remuneração e a remuneração inicial do médico é muito defasada tanto em nível municipal, estadual e federal. Precisamos lutar por um piso salarial digno”, destacou o moderador da mesa e presidente da Academia de Medicina de Santa Catarina (Acamesc), Jorge Saab Neto que também alertou para as condições de trabalho inadequadas.

O que queremos para o médico em SC

O segundo painel contou como conferencista o Secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara Medeiros Parente, que falou sobre o programa Médicos Pelo Brasil, o secretário Adjunto da Secretaria de Saúde de SC, Alexandre Fagundes, que apresentou o compromisso da SES com a pauta, e o deputado estadual Vicente Caropreso, que abordou a necessidade da criação da Carreira de Estado para o Médico.
“Para tratar das questões da assistência à saúde, é preciso fazer a interlocução e ouvir os médicos, que conhecem profundamente a realidade do setor e têm muito a contribuir para as melhorias indispensáveis no atendimento da população”, avaliou o moderador Ademar José de Oliveira Paes Junior, presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM).

“Se fizermos uma análise, o que estamos discutindo hoje foi debate de Fóruns anteriores, mas hoje conseguimos enxergar um pouco mais de esperança a medida que vemos bons programas e direcionamentos sendo encaminhados, como estes apresentados hoje, entre eles a Carreira de Estado ao Médico, que ao meu ver é muito importante“, acrescentou o presidente do painel e do Sindicato dos Médicos da Região Sul (Simersul), Licínio Argeu Alcântara.

Abertura e Palestra Magna
O presidente do CRM-SC e coordenador do COSEMESC, Eduardo Porto Ribeiro, destacou no discurso de abertura a importância do evento. “Construímos juntos propostas para melhorar a saúde de Santa Catarina. Nos próximos dias nossa carta será entregue ao governo para que sejam implantadas medidas que valorizem o médico”.

O Conselheiro Federal e corregedor do CRM-SC, Anastácio Kotizias Neto, apresentou um panorama geral sobre a atuação dos médicos e os desafios do futuro, na palestra magna. Chamou a atenção para o excesso de escolas, qualificação insuficiente, jornada exaustiva, falta de condições de trabalho e pouca autonomia. Como solução para melhorias, projeta melhor formação nas escolas, uma relação médico-paciente de qualidade e representantes médicos na política. “Precisamos de articulação política, pois tudo é decidido no Congresso. Sem representatividade, falaremos sozinhos”.

Coordenação do COSEMESC
No encerramento, o presidente do CRM-SC Eduardo Porto Ribeiro, transmitiu a coordenação do COSEMESC para o secretário geral do SIMESC, Leopoldo Back, que representou o presidente do SIMESC, Cyro Soncini, que por motivos de saúde não pôde comparecer ao evento’.

“O ano de 2022 deixará memória na história do Brasil. Se nós médicos queremos que a situação melhore, temos que fazer as escolhas corretas. As leis se fazem no Congresso e é necessário eleger deputados médicos que lutem pela categoria e saúde”, destacou Leopoldo em seu discurso.

Com informações da Assessoria de Imprensa Cosemesc